Thursday, August 6, 2009

Dizer "Eu te amo" sem palavras

Eu e o Dave tínhamos o nosso código.
Quando eu vim aqui pela primeira vez ele veio me buscar em Miami e a gente veio de carro pra Deltona. A gente ficou de mãos dadas a viagem toda até aqui! A gente queria compensar os nove meses que a gente ficou conversando online, apenas sonhando em estar junto.
Naquele dia ele me falou do código que os pais dele tinham pra dizer "Eu te amo" sem dizer as palavras. Eles apertavam a mão (ou o braço) do outro três vezes. Era o modo deles de dizer um ao outro "A gente pode estar no meio de uma multidão, mas você é a única pessoa aqui que importa." Então esse se tornou o nosso código também.
A gente dizia "Eu te amo" o tempo todo, com ou sem palavras. Um dia, depois de casados, a gente estava aqui na sala, eu acho que ele estava saindo pro trabalho, e claro a gente disse eu te amo, e nós dois abrimos os braços ao mesmo tempo, pra mostrar ao outro quão grande era o nosso amor. Nós rimos por estar pensando e fazendo a mesma coisa, e incorporamos isso ao nosso código.
Era engraçado quando a gente estava em público e as pessoas viam a gente abrir os braços ao mesmo tempo.
Às vezes quando a gente estava abraçado na cama a gente só levantava um braço ou uma perna, às vezes a gente só levantava ligeiramente a mão, e a gente sabia o que isso significava. E não tinha sentimento melhor no mundo do que ter aquela pessoa e saber que o nosso amor continuava crescendo.
Quando o Dave ficou doente da última vez, os tumores no cérebro tornaram a nossa comunicação quase impossível. Em outubro ele não conseguia lembrar o meu nome. No começo de janeiro ele não podia mais andar. Fim de janeiro ele não conseguia mais falar. Às vezes eu dizia "Eu te amo" mas ele não mostrava reação, como se ele não soubesse quem eu era.
No dia que ele morreu, eu sentei ao lado da cama segurando a mão dele a maior parte do dia. Mesmo que ele não soubesse quem eu era, mesmo que ele não soubesse que eu estava ali, eu queria estar ao lado dele. Ele parecia estar em coma, alheio ao que se passava à sua volta, mas eu não queria deixar nada quebrar o vínculo entre nós.
Eu apertei a mão dele três vezes.
E ele levantou a mão.
Apenas alguns milímetros, mas o suficiente para eu notar.
Eu apertei a mão dele de novo.
De novo ele levantou a mão.
Ele estava ali, e ele ainda me amava!
Esse foi o nosso último "Eu te amo". Esse foi o nosso adeus.
Seis meses atrás.

1 comment:

  1. "e nós dois abrimos os braços ao mesmo tempo, pra mostrar ao outro quão grande era o nosso amor. Nós rimos por estar pensando e fazendo a mesma coisa, e incorporamos isso ao nosso código"

    Eu lembro disso!!! :)
    Love you both!

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